sábado, 25 de dezembro de 2010

Publicação de livro de contos

Em 2011, aguardem publicação de meu primeiro livro de contos, que já deveria ter saído há uns 5 anos atrás, mas só agora tomei coragem!


Grandes beijos e Feliz 2011 para todos nós!!!




Ivna Alba

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

O primeiro dia, os tantos textos...


E para falar um pouco mais de música - tenho que tomar cuidado para não tornar este blogger um aparato para soverter minha frustração de musicista - falemos da trilha do filme O primeiro dia.
Nessa música,  Jaques Morelenbaum, um dos Mestres dos Magos da música brasileira acompanha, na regência, o Antônio Pinto (outro MdM).
Sim, o filme é brasileiro e tem no elenco Fernanda Torres e Luiz Carlos Vasconcelos, com direção de Walter Salles.
Como uma manteiga assumida, chorei horrores no final, mas o mais importante desse filme, é a trilha sonora e  a pressão e/ou despressurização que o enredo te leva do meio para o final do longa. Não espere um grande cenário, figurino ou coisa que o valha, pois não encontrará. Ele tem o que importa: história bem amarrada, elenco mais que competente, direção que sabe o que quer e faz e a música... Ah, a música!
Ao som dela eu já produzi inúmeros textos e não deixo de imaginar milhares de personagens ao ouvi-la.
Liguem suas caixas de som, acomodem-se na melhor posição da poltrona ou cadeira e aproveitem!
Como diria meu amadíssimo, mas infelizmente já falecido, Artur da Távola:
- Música é vida interior e quem tem vida interior, jamais padecerá de solidão!

Ivna Alba

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Toquinho faz show abordando mundo infantil


Dia 12 de outubro deixou de ser para mim um dia tão azul, entretanto isso faz parte da vida.
Talvez seja uma visão muito dura, achar que se passamos da fase pueril a existência será eternamente um vale de lágrimas. Bem, não penso mais assim. Confesso que já pensei muitas vezes...
Ainda devemos e é fundamental que conservemos essa réstia de alegrias e conversas bobas, para que a imaginação nunca deixe de fluir. E porque não lançar mão disso, através da música?
Pessoas que conheço de minha geração e de outras mais atrás tiveram o gosto de crescer ouvindo: Os Saltimbancos, A arca de Noé e por aí vai...
Um dos artistas que mais admiro, e sempre vou fazê-lo, é Toquinho.
O Sesc de São José dos Campos, dia 12, às 16hs dará a oportunidade dos adultos reviverem um pouco mais dessa fantasia infante e levar às novas gerações o conhecimento de um mundo da música voltada para o público infantil.
Toquinho no Mundo da Criança é o nome do show especial do cantor e compositor, eternizado por suas parcerias com Vinícius, Tom Jobim, Chico Buarque, Maria Creusa e tantos outros grandes nomes da música brasileira.

Acesse:
Informações do show

Opium day

Não me perguntem quantas vezes eu esqueci, mas quantas fui esquecido.
Oliver Brast


         E o sol se pôs terreno, humano, avassalador e terrível naquela tarde de primavera. Duas horas da tarde, duas horas da tarde! Bradava o domador de cães, bem no meio do jardim. A menina de vestido branco esgueirando a fonte e sentindo o cheiro dos crisântemos brancos... Não deveria ter mais de nove anos.
            - Audácia sua ter vindo aqui! – Ouvia-se a voz da cozinheira Martha, enquanto punha a chaleira no fogo.
            - A lenha, vá buscar a lenha, Anthony!
            Oito horas da noite o jantar estaria servido. Calêndulas, rosas amarelas, não jasmins, cortinas de veludo azul marinho, caindo do teto aos pés de Anne. Ela teria que cantar aquela noite, apenas para agradar o noivo que viria da Irlanda.
            - Os negócios... Ah, os negócios, Anne! Você sabe como são. Se eu não estiver presente, aqueles porcos não andam com o trabalho.
            Do carvão dos negócios, o noivo ficara com o relógio de ouro e dera como brinde o anel de noivado para ela, de diamante.
            A menina de vestido branco sorria para Anne durante o jantar.
            - Você não soube? Os alemães se refizeram e dizem até que há a conjectura de uma nova potência mundial.
            - É um direito deles, por que não?
            - O senhor acha mesmo que isso pode nos levar a bons futuros?
            - Pense em toda a humilhação, a Alemanha ficou completamente devastada...
            Toda aquela discussão e ela, muda, se retira da casa. Uma fita branca voa até suas mãos, continuando o caminho das escadas, fonte, jardim, labirinto, floresta e vida.
            Não mais uma fita, um corpo branco estende-se em sua frente, precipitado da balaustrada acima de sua cabeça.
            O sol levanta-se venusiano.


Ivna Alba

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Missa Solemnis

Hei de confessar-me atéia!
Em épocas distantes fui uma criança católica apostólica romana, cresci e tornei-me uma adolescente revoltada com os anjos e santos, esbravejando impropérios contra uma cristandade hipócrita, dogmas intangíveis e a beleza do sangue que escorria pelos espinhos e o pesado madeiro, que se sobrepunha a minha cabeça.
Surgiu-me a História da Feiúra, e muito antes dela, a dúvida. E, digamos, que não muito longe de ambas, apareceu-me a dicotomia entre o bem e o mal.
Nietzsche dissolveu minhas dúvidas e levou-me a conhecer à aurora do homem, o que não condeno, mas não admiro na obra platônica: sua caverna.
Eis que Beethoven me pôs em xeque-mate, ao ouvir, de novo e recentemente, sua Missa Solemnis!
A primeira vez que ouvi senti-me tão elevada, que chorei. Precipitou-me não uma lágrima qualquer, mas uma dor e uma alegria do mundo inteiro, e pus a música em modo "repetir", para ter a certeza de que não seria um estado que vai e vem, mas algo constante. Meu rei veio abaixo diante os peões, bispos, cavalos e rainhas do compositor.
Lembrei-me: era surdo!
Ouvi: é dor e êxtase, gozo e júbilo.
Como a estética há de explicar tal obra, eu não sei, mas entendo-a como uma das composições mais perfeitas e sublimes de toda humanidade, onde pode não se encontrar um bem ou um mal, mas toda uma conspiração de vozes que encaminham a alma a um amplo e elevado lugar, onde há luz e entardecer humanos.

Ivna Alba

Faça em dó o que não fiz em si...

E nesses retalhos que conjugo em tua sinfonia,
pura orquestração de sopros lépidos.
Nessa tua pele envernizada e nos entalhos de tua madeira
O gozo de roçar em tuas madeixas metálicas.
Ah, esse cheiro em modo menor...
Lasciami maior!
Largo em mil beijos,
tua dor em rallentando...

Ivna Alba

E essa vida em patchwork

Vejo perdido nas entranhas
qualquer de uma cidade erguida:
concreto e falsidade.
O protótipo humano
envolto em papelão e umidade.
Um louco qualquer,
em loucura e santidade,
gritando e rosnando...
Essa cidade, o medo, a humanidade.
Hei de morrer, embolorado, até amar-te, até viver.

Ivna Alba

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Chora pião

Todas as coisas se desfizeram em um desalinhar de fatos. Não me pergunte como elas deveriam ser. A dúvida de como elas deveriam se entrelaçar me ensurdece os pensamentos e tudo termina se desdobrando em um tom pálido e a boca de cor pastel se emudece.
Sobraram-me os restos dos fragmentos das cartas.
Centelhas, gotejar, armadilhas, redomas, concreto.
Anestesia, tormento, angústia, sangrento.
Conversas, palidez, tortura e ungüento.
Tudo está profundamente emaranhado neste confuso jogo de disputas e atropelos...
A melhor arma contra o desafeto, ainda é a indiferença!

Ivna Alba

sábado, 14 de agosto de 2010

Esconde-esconde

- Quase não me esqueça...
- Provavelmente, isso vai acontecer.
- Mas, te esforça um pouco ao quase.
- Hei de ver teu pranto. Mesmo que pouco e tão logo se muito, quero vê-lo!
- Esse teu sadismo doentio nunca envelhece?
- Nunca definhará a teus pés, maldita!
A aurora dobrou-se em mil centelhas de luz, quando partiu, e do seu pranto que desenhava serpentinas transparentes, ele nada viu.
Seu lenço sentiu as fagulhas de um incêndio que deixava de coexistir entre ambos.

Ivna Alba

terça-feira, 6 de julho de 2010

Ensaio do ato de negar-se

Quando, exatamente, começamos a negar nossa essência pelas pessoas, coisas e pela própria exigência das nossas existências? Quando? 
É difícil descobrirmos isso e quando nos damos conta, o nosso devir já está embalsamado naquela lacuna mais profunda das nossas memórias. E quanta infelicidade isso traz... 
A pergunta básica, "Quem sou eu?", que muitas vezes não encontra resposta, também não a obtem, pois já não encontra a essência perdida pelo mesmo ato de negar-se. 
As vezes, mais vale uma liberdade sozinha, que outra conjunta. 
Acredito, que ao sentir essa vontade de potência que ressurge em nosso âmago, essa vontade de sentir-se livre das negações a nós mesmo, é a hora de partir. É a hora de dizer adeus, sem desculpas, nem remorsos e corações repletos de esperanças saudáveis. 
Por que vale a pena ser feliz consigo mesmo e nunca negar sua essência e suas opiniões!
Tom Jobim cantou: amor em paz. 
E desejo a solidão em paz!


Ivna Alba

sábado, 3 de julho de 2010

Eu sou contra!

Certa vez me disseram que, atualmente, o mercado de trabalho procura pessoas com um único foco. Pois bem, eu sou contra!
Até onde sei, isso se refere ao modelo antigo de demanda profissional, onde cada um tinha sua formação e nem precisa de pós-graduação e, as vezes, um técnico já contava. Todos se formavam, prestavam um concurso público - bem menos concorrido - passavam, ou se engajavam em empresas privadas e trabalhavam em um só ofício, até que a merecida aposentadoria chegava, batia-lhe a porta e eram felizes para sempre, até que a morte os separasse.
O que eu vejo, hoje em dia, são pessoas que se formam - muitas mesmo não tem o privilégio de passar por uma universidade e outras não se interessam - entram numa pós-graduação, em certas ocasiões em áreas diferentes das que se formaram e lutam horrores para entrar no mercado de trabalho. Hoje, o profissional é aquele que tem uma múltipla faceta, de entender o que faz, ampliar seus horizontes em outras áreas, tendo muitas vezes que trabalhar em algo que não tem uma formação específica, mas que segue o rumo com suas outras inúmeras aptidões.
Entendo isso por exigências de mercado. Por exemplo, um fulano que trabalha com exportações e importações, tem que entender milhares de outros assuntos e se tiver um curso em direito, sociologia e até mesmo filosofia, melhor ainda. Não é só a economia que gira seu mundo.
Por que, então, um jornalista não pode fazer artes, escrever, trabalhar com cinema e teatro, além de redigir matérias e fazer entrevistas como seu projeto solo?
Entendo isso como um profissional que almeja cada vez saber mais e querer dar mais ao mundo em que vive.
Se esse não é nosso foco de trabalhadores, então, não sei mais o que é.

Ivna Alba 

sábado, 26 de junho de 2010

Inverso

O que lhe falta tenho de sobra. 
O que me inverte lhe converte. 
Se a natureza oposta nos causa o conflito, por um lado, 
Complementa-nos por outro.

Ivna Alba

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Já me fiz de sua pele

Laisse-moi devenir
L'ombre de ton ombre
L'ombre de ta main
L'ombre de ton chien
Ne me quitte pas
Jacques Brel - Ne me quitte pas


- Alavanca tua dor, Gomide! - rugiu a velha de dentes amarelados.
A porta bateu tal qual o estampido da bala que atingira seu corpo e o desfizera à beira do mundo, da sarjeta e de seus últimos instantes de lucidez.
Quem era ele, naquele minuto? Fez-se a pergunta quando viu Anaclélia em curvas e desapegos, em meio ao salão de meia luz, onde o bolero reinava. Ela reinava sobre tudo e todos. Naquele momento, ele se transformou em seu atento e mais sincero amante.
Padecia de ciúmes, raiva, ódio e amor. Um amor louco, que durante meses, nenhum par de calças poderia chamá-la para dançar, mas ela pisava em sua honra e dignidade, mostrando que podia mais que ele. Gomide era riquíssimo, mas humilde. Um homem que não se negava o bom coração e amabilidade, mas ao se tratar de Anaclélia, a história era outra.
Em seis meses, Gomide conseguiu levar Anaclélia para um apartamento longe do subúrbio, onde morava. Abandonou a família aos poucos, e dividiu a fortuna para os quatro filhos, restando boa parte, ainda, para os caprichos de sua donzela de pernas torneadas e macias.
A mulher tinha cheiro de camélia e desfrutava da mais alta mordomia que o pobre diabo poderia lhe proporcionar.
Recordou-se de tudo isso ao ver a mala com dois pares de roupa, o sapato gasto e o meio-fio lúgubre, onde a água da chuva corria desesperadamente. Olhou os postes, alguns felizes, outros chorosos. E ele? Que seria? Começou a andar, vagarosamente. A velha o acompanhava da porta do edifício luxuoso.
- Por que tinha que trazer sua mãe, Anaclélia?
- Por que, benzinho, ela não podia ficar naquele cortiço, oras!
- Eu compraria uma casa para ela, onde quisesse. Você sabe que eu posso.
- Quero ela pertinho de mim, como você, benzinho.
E ele se dava por vencido. Tão vencido, como ao entrar naquela noite, em casa, viu Anaclélia nos braços de um homem meia-idade, como ele, entretanto com mais vitalidade e brio. Gomide se deixou decair. Vivia para os gostos e prazeres da morena. Era o chofer, o carregador, o cozinheiro, o copeiro, o tutor e o cachorro.
- Compra esse.
- Mas, esse não está do meu gosto, morena.
- Está na promoção. Você tem que economizar, benzinho. Quinta-feira eu tenho que ir ao salão, e meu amorzinho sabe que lá eu faço tudo, né?
- Sei sim. Mas...
- Não me quer bonita para você, é?
- Não é isso, morena...
- Eu sei seus ciúmes. Ciumento! Você me amordaça, me prende, só me quer para você. Sou sua prisioneira, agora?
- Não falei isso, Anaclélia!
- Já me chama pelo nome? Tem outra? Só me chama pelo nome quando está com raiva. Eu sei que você vai me deixar.
- O que?
- Pensa que não vi seus olhos comendo a mulher de vermelho, lá no salão?
- Que?
- Isso mesmo... eu vi tudo...
- Você estava dançando com aquele capitão...
- Ah, eu sabia que essa seria sua desculpa. Sempre isso... Você com aquele... Você com esse... Estou farta, Gomide!
- Mas, morena, morena... Morena!
Ela saía, armava tudo e o deixava rastejando pelas lápides de sua alma, já tão fustigada e cansada de toda aquela vida desmazelada e serviçal. Gomide a amava de forma louca e ensandecida.
Caminhou até um banco. A areia da praia iluminada pela lua, o mar com brilhos de carnaval lhe anunciavam o final daquela quarta-feira de cinzas.
Abriu a mala e tirou a echarpe de seda bordô. Cheirou-a e soluçou desesperadamente.
- Lava-me, morena! Enxuga-me, morena! Diz que me ama e eu esqueço a porta fechada. Fala que me ama, que volto a respirar pelo mesmo póro que me negaste aberto!

Ivna Alba

segunda-feira, 10 de maio de 2010

sábado, 8 de maio de 2010

Os passos

Ouvia-se pela casa, na madruga, passos e a mão sussurrando na parede, o atrito por entre digitais e formas finas.
"O que dói mais - dizia a mulher franzindo a testa, para não cair em prantos - é que não os ouço agora".
Saudade enternecida e ensurdecedora... Completamente voraz.

Ivna Alba

quinta-feira, 6 de maio de 2010

A estátua de Árgona

Em frio mármore esculpido. Precisamente escalpelado e introduzido na água, cresceu Árgona. De belos seios, curvatura paradoxal e de tez prateada ao luar.
Por entre os dedos, segurando os véus que lhe revestiam o púbis e parte das pernas, em todas as tardes de densa neblina, recebia flores, frutos e o sangue de animais lhe decaíam entre as mórbidas carnes.
Árgona nasceu sem saber amar, apenas conhecendo o "ser amada". Em bela semana primaveril, quando os júbilos de pássaros e farfalhar de folhas se ouviam perenes, sentiu sua primeira flechada. Cravou-lhe o peito juvenil, outra raspou-lhe os olhos e mais uma sentou seu véu em mil pedaços, em pleno espaço e em meio aos prantos que não poderiam ser ouvidos, Árgona caiu prostrada por outro tremor.
Ela que nunca olhara para cima, agora enternecia-se com os olhos azuis e pueris de um jovem de 25 anos.
A terra a sobrepôs.
Após cem anos, seu seio ainda permanece intacto.

Ivna Alba

ELE ESTÁ CONCORRENDO!!!!

sábado, 3 de abril de 2010

O Brasil e a educação

Não adianta jogar a culpa em quem está em cima, no poder!
Não esqueça do seu dedinho indicador e sua consciência, a cada 4 anos. Se, atualmente, não temos nada que valha a pena, em termos de educação, saúde, lazer, segurança, emprego, salários, entre outros, neste país, lembre-se: você estava lá para mudar!
Eu não sou a favor do voto obrigatório! Sou a favor da consciência para votar, da decisão correta, do cargo político voluntário e do esclarecimento da força do voto nulo, no Brasil.
Sou brasileira, tenho orgulho da minha cultura, mas vou ser muito sincera, caro leitor:
- Não tenho o mínimo orgulho de viver num país mal administrado, em que imperam a corrupção, miséria, marginalidade, comodismo e a velha dança da ilusão (futebol, carnaval, feriado e jeitinho brasileiro para se conseguir qualquer coisa).
Disso não tenho a menor vontade de fazer parte!
Juntando todos os nosso feriados - nacionais, estaduais e municipais - nosso calendário completa, praticamente, dois meses e meios. Absurdo! Onde está o trabalho? Tem gente que vem com a velha fórmula, de que o brasileiro é um povo trabalhador. Certamente! Quando você não pensa em dois meses e meio sem trabalhar!
Mas, tudo isso tem um porquê, muito válido: conscientização. E esta se faz por meio da educação. Sexta-feira, vi na Rua da Consolação, enquanto estava no ônibus, uma enorme manifestação de professores do Estado de São Paulo, contra a política educacional do Governo Serra. Placas, estandartes, cartolinas, faixas, gritos e uma multidão voltada para pôr abaixo a administração atual.
Entretanto, por que não fizeram isso há 4 anos atrás, com seus dedinhos e consciências?
Vale salientar, novamente, que não sou a favor de nenhum governo, partido, político ou quem quer que seja que esteja querendo subir, ou já esteja lá. Como escrevi, de início, sou a favor do cargo político voluntário!
Claro! Por que eu pago para uma pessoa decidir leis? Leis estas que favorecerão muito mais a ele que a mim? Caso a pessoa seja idônea, mesmo assim, por que pagaria para que ela construa os alicerces legislativos que também favorecerão a ela?
Nós somos sangrados todo santo dia com uma carga tributária gigantesca, que está inclusa até no pãozinho quente, comprado na padaria da esquina. Uma feira para durar o mês inteiro, pode ter certeza, que você gasta mais de R$400,00. E estou sendo muito boa, nessa contabilidade, pois dependendo do local, esse valor ultrapassa. Quem nesse país tem condições de viver dessa forma indigna? E a moradia? E o lazer? E o esporte? E a cultura? E a roupa para trabalhar?
Somos extorquidos, violentados no bolso e isso tudo, só reparamos com uma boa e extensa margem de consciência, que é adquirida através da educação. Não estou falando apenas de geografia, biologia e etc. Comento sobre o conhecimento que se amplia quando estudamos, quando abrimos nossas mentes e olhares para diversos ângulos da história, seja ela passado ou presente.
Temos e precisamos mudar esse cenário e esse panorama!
Se faz mister que nessas próximas eleições, seu indicadorzinho e sua consciência estejam, mais que nunca, presentes!
Leia sobre o voto nulo e a força dele nas eleições! Leia sobre cada partido político, cada político, a administração, leia sobre carga tributária brasileira!
Leia sobre a sua e a minha história!
Leia sobre nossas vidas!

Ivna Alba

quarta-feira, 31 de março de 2010

Jesus morreu!

Depois da famosa frase nietzschiana: "Deus está morto!", descobri hoje outra:
- Mataram Jesus! - choramingava um bêbado, enquanto repetia para um transeunte, em pleno turbilhão da Barão de Itapetininga.
Não pude conter um pequeno sorriso, devido à cena estrambólica: pessoas se atropelando, outras gritando e falando ao celular, os carros e ônibus voando, prostitutas, mendigos adormecidos nas calçadas (um segurando os genitais durante o sono profundo), compradores de ouro, vendedores ambulantes, policiais, cachorros abandonados, crianças chorando e um pedinte bêbado, um pobre diabo, aos olhos da sociedade, chorando e constatando algo que já aconteceu há milênios:
- Mataram Jesus!
O que ele pensava sobre isso? Nos olhos dele, em suas lágrimas, me ocorreu o pronto fato, de que a esperança daquela criatura estava por terra, jogada à vala do submundo. Se para nós ele já se encontra nessa conjuntura, naquele instante, o mendigo tinha certeza!
E há de se saber em que subterrâneo subterfúgio nos escondemos. Nós, de estirpe e classes privilegiadas; nossa individualidades e intimidades... Em que poço e vala estamos jogados?
A cada dia e hora que passa, eu tenho a plena convicção de que estamos perdidos, sozinhos e jogados.
Basta olhar para a juventude que vem atrás da nossa geração.

Ivna Alba

segunda-feira, 8 de março de 2010

Tudo tem um quê de querer mais

Dessa vez, procurarei não escrever ficção, muito embora eu prefira postar as imaginações, às minhas realidades.
Neste dia 08 de março só tive uma bagagem a mais de lágrimas, tristeza e raiva. Não quero guardar isso, mas não sei onde colocar. É frequente lermos em qualquer lugar, sobre o homem urbano estressado, como também é facílimo acharmos dicas de meditação, repouso mental ou os dez mandamentos para evitar o estresse. Talvez, esteja confundindo estresse com sentimentos, mas acredito que um gera o outro, inevitavelmente.
Sim! Se se sente raiva, é porque algo o contrariou, alguma coisa que esperava com muita alegria e você não pôde colher os louros da felicidade, gerando frustração, raiva, estresse e a velha frase: - E agora, José?
Sinceramente, eu não espero que nada seja de graça, porque nunca nada o foi, para mim. Mas, nos últimos tempos a minha carreira de Rei Silas vai de vento em popa. E penso em apelar, seriamente, para aquele banho de sal grosso, com muita arruda, brincos de pé de coelho, colar de figa, ferradurazinhas, trevos 8 folhas (porque de quatro, já ficou ultrapassado), enfim a mensagem foi transmitida.
Ando com um nó na garganta para tudo e qualquer coisa. As vezes, tento falar, entretanto as palavras não saem, as ideias não concatenam e o verbo fica preso. Tento chorar, porém não consigo e tudo trava.
Nesses momentos, eu lembro dos olhos do meu pai, ao se despedir de mim, em Curitiba. Hoje, eu entendo o que aqueles olhos azuis, por trás de lentes grossas tentaram me dizer, me falar, gritar, eclodir no espaço do eco, que o silêncio de nossos sentimentos produziam. Eu tive uma viagem de volta péssima, não preciso comentar. A viagem demorou mais que o esperado, a minha alma ficou lá no Paraná e meu corpo vinha para São Paulo. Hoje, me pergunto: - A troco de que?
Se saudade matasse, todos nós já estaríamos no além. Alguns outros, no limbo.
Pode ser desilusão, saudade, tristeza, infelicidade, frustração, muita coisa reunida num mesmo caldeirão, das bruxas que andam por aí.
Eu lembro daqueles olhos azuis e sei bem o que eles quiseram me dizer... Ou, meu pai! Tudo o que queria hoje, era um abraço seu.
O seu abraço de pai!

Ivna Alba

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Abertura - "Calem o silêncio das paredes!"

Eu escutei você falando:
- Só palavras, só palavras, só palavras...
Num ritmo e cadência constantes, promovendo um arrebatamento inconstante, de uniformidades lacônicas, em meu peito e meu ventre.
A carne palpita! A carne maldita! Tua carne maldita, Abrãao! A carne se quebra, se mela, se esvai, se entrega, congela, espera, se parte, se rasga, na entremela do dente, respiração arfante, possante, sentido de entrega. E nesse emaranhado se revela a alma da megera respulsiva que carrego nas entrenhas.
Maldita e lânguida, parca e renegada carne tua, Abrãao!
Abraça-me e expurga-me de tua vida e de tua lábia, Abrãao!
E, enquanto me exorcisas, deixa-me ouvir tua voz falando, lentamente:
- Só palavras, só palavras, só palavras...

Ivna Alba

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

C'est l'époque

C'est l'époque terrible de la mort.
Est-poisons personne.
Gouttes d'eau.
La douleur à s'estomper.
Le sang du coeur.

Ivna Alba

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Ele

Veio devagar.
Hoje o vejo quase deitado na cama, olhos fixos no livro negro. Duas contas que vem iluminando, desde o interior, brilham, ofuscam sua vista e se deitam embriagadas, nas altas horas da noite.
Aqueles gestos sempre tão calmos, aquele beijo sempre querendo tudo e querendo mais...
Ele veio e ficou!
Ele é meu humano!

Ivna Alba

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Poema para uma menininha

Menininha de perninhas tortas, eu queria lhe tecer um mundo de cores, amores e vida!
Eu queria, menininha, mas não consegui.
Não, menininha, não chores!
Apesar da noite escura, eu te trouxe as estrelas; apesar da tarde chuvosa eu te dou um arco-íris; apesar do beijo frio, eu te dou a minha estrada...
Corre, menininha! Corre e me traz uma flor.
Pode até ser uma margarida...
Vai, menininha! Deixa que a cadeira de balanço faça o vai-e-vem com o vento!
Vai, menininha, que o mundo não foi meu, mas vai cair aos teus pés!
Vai, menininha!
Se precisar chorar, me diz que eu choro por ti!
Vai, meninha...

Ivna Alba

Toda boca tem sua focinheira

A pior mordaça é a do silêncio dos sentimentos, que não querem se pronunciar...
Que não se devem propagar!
E estamos fadados a nos prolongar nessa ação de emudecer, ao passo de que quando menos se espera, o que se poderia falar, não sai. Sente o nó? Sente aquele bolo preso na garganta? Aquelas meras e vãs palavras, presas de forma fria e calculada na campainha, fazendo uma leve cócega na língua? Sente tudo isso?
Eu sei, tantas e quantas coisas você gostaria de dizer, mas não o faz, sem nem entender o porquê.
O verbo volta ao peito, este tranca o gosto e a vida traga e bebe essa ânsia, esse verbo, e o converte à carne violentada. Com o tempo ela ficará uma palha dura, ressecada e sem sabor...
A pior mordaça é a do silêncio dos sentimentos que não são pronunciados, sem nem ao menos sabermos o porquê do vazio.

Ivna Alba

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Ai, Isaura!

Ai, Isaura!
Isaura e suas unhas vermelho sangue, naquelas mãozinhas tão frágeis e apáticas, que tremiam sem forças até para segurar uma xícara de porcelana.
Quando ia para a missa aos domingos punha um vestido de flores de tons pastéis, muito esvoaçante, e corria para a beira da calçada, segurando o chapéu com as mãozinhas frágeis de unhas vermelho sangue.
Ai, Isaura!
Aquela anágua aparecendo sorrateiramente pela barra da saia do vestido de seda. Aquelas meias finas, de textura quase imperceptível, em meu tato, rasgando um gemido fino e um "ui!" de sua pequena boca cor-de-rosa... em meio a um entardecer... em meio a um desvanecer aturdida e absorto aos seios trêmulos e intactos de Isaura.
À noite, me vinha despida de vergonha e medo, enlaçava-me em beijos, carícias, sufocando meu mais profundo desejo em meio às coxas brancas e faceiras.
Isaura me traía, me comia, me despedia, me botava nu em lágrimas atrás da porta, e pela manhã não lembrava de nada, muito menos das juras que me tinha feito.
Eu, bobo, tolo de mim por completo, entrava em seu mundo e sempre caía nas suas mãos de unhas vermelho sangue.
Ai, Isaura!

Ivna Alba

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

É desse fel que sinto falta

- Sabe aquelas horas em que estiveste fazendo palavras cruzadas?
- Hum...
- Sabe aquelas tardes em que estava sentado à beira da mesa, consertando o rádio-relógio?
- Para não perder a hora do trabalho.
- Sabe aqueles dias que acrescentavam mais uma primavera aos nossos lençóis limpos e brancos?
- Sei. Que mais?
- Até ali, eu amava você...
O velhote parou, levantou sem dar uma só olhadela para a velha e saiu do terraço, deixando a tarde absorver tudo e a noite vomitar estrelas.

Ivna Alba

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Cantalice

Aquela ponte elevadiça sugando seu corpo para o fundo do túnel, derramando aquele anseio, aquela vontade de potência, aquela onipresença, aquela espera por um não adeus. Para ela, era fato: vivemos para morrer. Ao menos, já havia decidido para que estavam todos, inclusive ela, no mundo. Ao menos uma resposta sã.

Cantalice subiu o quarto e último degrau do dia, adentrando apartamento, jogando as bolsas e remédios no canto escuro da sala, não só por mais uma noite, mas por toda a vida. Chegou à porta do quarto, abriu-a... Gemidos.

Os olhos embotados de lassidão, a respiração sôfrega, o desespero árduo de saber que na manhã seguinte, aquela penumbra continuaria a mesma. “Não se parta em duas, não se parta em duas”. Repetia baixinho, quase um sussurro, percebido apenas por sua consciência. Mas, como não se partir? Como não se antever em conjuntura frenética e ansiosa, diante tal quadro de voluntariedade e necessidade?

Não se deve quebrar os pontos! Não se deve entregar os pontos! Permanecer imóvel, estática e esperançosa. Era sua ação e coação durante os últimos dez anos.

Tudo começou na tarde de setembro, do dia vinte e cinco, quando irrompeu um grito e de lá, até aquela noite, sua vida tornara-se um brado único e violentado. Ela, justo ela, que sempre fora de risos e abraços, carinhos e afagos, deixara-se submergir em tamanha claustrofobia, que paulatinamente, fora se removendo em areia movediça, onde mergulhara os pés, pernas, tronco e sentia o ar passando por suas vias com complicações.

Ah, o amor! O que não fazemos pelo amor desmedido e censurado? Que forma de amar incondicional a prendera em passos furtivos e sombras? Toda a noite era a mesma forma de movimentos: sala, quarto, banheiro, cozinha, geladeira, álcool, copo, fumaça, lágrimas, faca, garfo, pratos, água, sabão, esponja, escorredor, banheiro, água, sabonete, toalha, cama e lágrimas sufocadas.

Da porta do seu quarto: gemidos!


Ivna Alba

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Não temos pão seco!

Pessoas burras e ingratas são, praticamente, unanimidade no mundo!
Não leia isso como revolta ou desabafo, mas como constatação.
Creio que já te aconteceu, caro leitor, alguma vez teres tentado ajudar alguém que precisava muito, mas por falhas de outrem, a culpa inteira caiu em cima de ti, como se quem tivesse assinado a criação do Holocausto fosse tua própria pessoa.
Ah! Isso, geralmente, ocorre comigo, mas decidi que essa será a última vez que me disporei a fazer algo por alguém.
A nossa ideologia de solidariedade, amor ao próximo e tudo que rodeia esse universo de boas ações é muito lindo. Nossa! Chego a encher meus olhos de lágrimas doces, ao encarar tamanha bondade. Entretanto, de quinta-feira, para cá, depois de receber no rosto tamanha ingratidão, estou decidida a me fechar mais uma vez.
Vamos encarar a realidade: o ser humano, abandonado, que recebe auxílio, mas ainda prefere a mão que lhe largou sozinho e arrasa com a pessoa que lhe estendeu a mão, possui no mínimo, inúmeros parafusos a menos.
Não, a pessoa não me pediu desculpas. Muito pelo contrário!
Pelas minhas costas ela me retalhou inteira; nem procurando saber o real motivo, pelo qual as coisas deram errado. Então, caríssimo ingrato, só posso dizer que seja muito feliz com sua produção ausente, com seus falsos amigos, que tenha muito prazer em fazer trabalhos que durarão mais de 16 meses para ficar prontos.
Seja muito feliz! E se por um acaso, precisar de alguém para ajudar a sair da enrascada, não conte comigo, porque "fiado", agora, só amanhã!
Eu não sei o que dói mais, se a ingratidão ou o fato de me culpar, ou ainda o não pedido de desculpas, bem como o falatório por trás, acabando minha imagem para outras pessoas. De qualquer forma, tudo magoa e dói muito.
Eu admirei, fiz o que pude e o que não pude! Fui amiga, fiel e sincera! Tratei bem, prestativa e leal!
Então, caríssimo ingrato, de hoje em diante, não temos pão seco!

Ivna Alba