terça-feira, 3 de novembro de 2015

O muro de Áustir

E como nada acontece daqui, também não ocorre por lá.
Se nas caldeiras dos corações rotos se esconde a fantasia e se afoga a nossa poesia, quem estará do outro lado?
A aurora que irrompe em nossa realidade estilhaça essas rochas.
Desgasta a esperança.
Mas, lembrem-se:
Nada está perdido!
Tudo está incluso neste pacote de adversidades.
Estamos dentro do muro de Áustir,
Onde tudo que nasce, morre e o morrer vive na sucata de nossas revoltas!

Ivna Alba

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

O sonho

Aquela criança que se ouve chorar na calada da madrugada,
E nos pomos a zelá-la com o maior sono,
Sempre esperando o profundo azul do mar.

Ivna Alba

Rostos

Em dupla, em trio, aos montes.
Solitário, sozinho, somente só.
Aos bolos, um bando, trinta e cinco mil.
Aos poucos - quem sabe? - paulatinamente.
Surgem, ressurgem, emergem, se desnudam.
Passam, repassam, operam, desesperam-se.
Massacram, agridem, transtornam-se, alegram-se.
Choram, mudos, atentos, velados.
Correm, mordem, bebem, desregram.
Falam, assopram, chupam, sonham.
Aceleram, desaceleram e por fim...
Morrem na mais breve poeira que trouxe você.

Ivna Alba

O ancião e a vida

Havia mais que um coração estilhaçado, por entre as cortinas que voavam lúdicas na primavera de seus olhos.
Existia um fruto doce e sutil, tenro e denso.
Ali se aprofundavam a dança e o fortuito encontro da esperança com o renascimento.
E nada era mais bonito que a vida circundando os segundos, os minutos, as horas e o tempo.

Ivna Alba

sábado, 10 de outubro de 2015

Às Borboletas Negras

Dizem que jorram de todas as veias e poças de lama,
Dizem que se esgotam no lodo e ressurgem na cama
Dizem que contam, que berram, que falam e alguns até sussurram...
Dizem, apenas dizem, não sonham...
Dizem que um dia houve uma ideia chamada de Liberdade!

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

A vergonha da mocinha

- Ai!
Era tudo o que ela exprimia em meio ao seu regozijar...
A rua pode ser seu campo de partida e saída. Tanto faz. Mas, quem disse que é normal ou anormal abrir a porta de casa para estranhos?
A mocinha não poderia ter essa escolha. Ela nunca pôde.

Ivna Alba

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

O ciclo da criança morta

Existiu um olhar petrificado,
Onde o mar revolto e descolado
Encontrando, por fim aonde desaguar
Chorou em liberdade a terra rasgada.

Houve mais tarde uma torta mulher,
Também uma saudade de nem saber de quê.
Um porquê de desalento
Um sopro, um tormento,

Em que o abandono sempre a leva a cavalgar.

Ivna Alba