terça-feira, 7 de julho de 2020

Presença

Sem que ninguém perceba
O ausente esconde e você diz que sim,
Um sim ausente, mas que desconstrói sua presença.
Ah, ausência!
Se antes fosse minha presença tão súbita,
Hoje tua súdita poderia exigir tua presença!

Ivna Alba

sábado, 6 de fevereiro de 2016

Implacável

- Que asas tão absurdas emergem das sombras de infortúnios e desabam em contendas irremediáveis?
- São os anjos notívagos! – Sussurrou a criança envolta em névoas.

Cerrou os olhos e pensou que não queria mais estar ali. Pensou que os gritos e infortúnios chegariam às portas do calabouço, onde sonâmbulo, trancara-se.


Ivna Alba


terça-feira, 3 de novembro de 2015

O muro de Áustir

E como nada acontece daqui, também não ocorre por lá.
Se nas caldeiras dos corações rotos se esconde a fantasia e se afoga a nossa poesia, quem estará do outro lado?
A aurora que irrompe em nossa realidade estilhaça essas rochas.
Desgasta a esperança.
Mas, lembrem-se:
Nada está perdido!
Tudo está incluso neste pacote de adversidades.
Estamos dentro do muro de Áustir,
Onde tudo que nasce, morre e o morrer vive na sucata de nossas revoltas!

Ivna Alba

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

O sonho

Aquela criança que se ouve chorar na calada da madrugada,
E nos pomos a zelá-la com o maior sono,
Sempre esperando o profundo azul do mar.

Ivna Alba

Rostos

Em dupla, em trio, aos montes.
Solitário, sozinho, somente só.
Aos bolos, um bando, trinta e cinco mil.
Aos poucos - quem sabe? - paulatinamente.
Surgem, ressurgem, emergem, se desnudam.
Passam, repassam, operam, desesperam-se.
Massacram, agridem, transtornam-se, alegram-se.
Choram, mudos, atentos, velados.
Correm, mordem, bebem, desregram.
Falam, assopram, chupam, sonham.
Aceleram, desaceleram e por fim...
Morrem na mais breve poeira que trouxe você.

Ivna Alba

O ancião e a vida

Havia mais que um coração estilhaçado, por entre as cortinas que voavam lúdicas na primavera de seus olhos.
Existia um fruto doce e sutil, tenro e denso.
Ali se aprofundavam a dança e o fortuito encontro da esperança com o renascimento.
E nada era mais bonito que a vida circundando os segundos, os minutos, as horas e o tempo.

Ivna Alba

sábado, 10 de outubro de 2015

Às Borboletas Negras

Dizem que jorram de todas as veias e poças de lama,
Dizem que se esgotam no lodo e ressurgem na cama
Dizem que contam, que berram, que falam e alguns até sussurram...
Dizem, apenas dizem, não sonham...
Dizem que um dia houve uma ideia chamada de Liberdade!

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

A vergonha da mocinha

- Ai!
Era tudo o que ela exprimia em meio ao seu regozijar...
A rua pode ser seu campo de partida e saída. Tanto faz. Mas, quem disse que é normal ou anormal abrir a porta de casa para estranhos?
A mocinha não poderia ter essa escolha. Ela nunca pôde.

Ivna Alba

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

O ciclo da criança morta

Existiu um olhar petrificado,
Onde o mar revolto e descolado
Encontrando, por fim aonde desaguar
Chorou em liberdade a terra rasgada.

Houve mais tarde uma torta mulher,
Também uma saudade de nem saber de quê.
Um porquê de desalento
Um sopro, um tormento,

Em que o abandono sempre a leva a cavalgar.

Ivna Alba