domingo, 23 de agosto de 2009

Comédias da vida (privada)?

Hoje está completando 1 mês e 18 dias que estou vivendo em Sampa!
Nesse pouco tempo de sobrevivência aqui pude perceber que em uma das cidades onde tem mais gente por metro quadrado do Brasil, mora a solidão.
A exigência de se ter amigos por aqui é tanto quanto ou igual a de se sobreviver: dificuldade grau 9, e olhe que sou comunicativa, caso contrário não teria feito comunicação social; escolheria biblioteconomia ou qualquer outro curso voltado para algo que não precisasse se comunicar.
Deixei cerca de trezentos amigos em Tubi City - nome "carinhoso" para JP - minha cidade natal, aqui conheci muitas pessoas já, mas surgem os problemas: tempo!
Fora o costume de se fechar no casulo - principalmente em dias de chuva - alguns paulistanos demoram a vida para ter tempo para sair, conversar ou até visitar as pessoas. O que não ajuda muito, também, é a imensidão da cidade. Trinta minutos de caminhada aqui é perto, em Tubi City era a eternidade.
As pessoas me ligam sim, mas combinar para sair são outros quinhentos totalmente diversos e inúmeros: trampo, trampo, trampo, trampo, chuva, trampo, trampo, ou é tarde!
Por que complicar o que pode ser tão mais simples.
Outra ironia: São Paulo é a cidade que não dorme! Conversa para boi dormir e roncar muito! Metrô e ônibus param à 00:00! Como pode se observar: é uma sobrevivência real, não virtual.
Virtual é a visão de um relacionamento afetivo - ponho novamente a amizade nesse ponto - que também não parece vingar com facilidade por aqui.
Ficar é fácil, difícil é arrumar um relacionamento fixo, estabelecido em bases concretas, como os milhares de edifícios daqui, conseguir uma pessoa que supra as características psicológicas e físicas (o que não faço tanta questão) por essas bandas.
Tudo é uma questão de sobrevivência e se torna uma "divina" comédia da minha vida privada. Agora, nem tão mais privada, porque algumas pessoas que visitam isso aqui já devem ou podem ter lido... Enfim! Isso é praticamente o fim mesmo do texto.
Acho que não estou sendo exigente demais. Querer desenrolar o seu ciclo social, somado a um namoro, não é tanta exigência assim...
O que não posso e não quero - até porque faz mal para a minha natureza extrovertida e expansiva - é ficar parada na cidade que "não para"!
Isso sim, é privação demais, na minha vida privada!

Ivna Alba

5 comentários:

Gi Caipira disse...

Pior que é assim mesmo ...
Eu já sou adepta de deixar recados como " Ei vamos combinar de combinar de combinar de fazer alguma coisa?"
E tudo vira sempre uma eterna espera ...
Mas eu tenho a salvação!
Ao invéz de esperar as visitas, visite!
Me manda seu telefone por email, que daqui uns 15 dias, quando eu sair do molho, vou te chamar tanto pra sair que vc vai ficar enjoada de gente !! hahahahahaha

André Luís Nogueira disse...

O mais difícil é se acostumar com os dias nublados, chuvosos, frios.
Paulistano que sou (ou apesar disso), sei que a mudança é drástica. JP para SP.
Espero que em breve reclame que quer ficar em casa e não consegue por conta dos compromissos divertidos. Não será dificil isso acontecer para alguém com gosto tão bom como vi no perfil completo.

Exímio disse...

Pensei muito em lançar o PERSONAL FRIENDS OUT TIME, só precisava ser o amigo pra toda hora, mas então me lembrei ; não tenho tempo. rs
bem vinda a urbanidade fria.

arina.alba@gmail.com disse...

E onde é fácil arrumar um relacionamento sério no Brasil? Por ironia, eu nunca queria namorar e terminava namorando hehehe. Como sempre digo, só comecei a namorar por acaso.
Pois é, quando a pessoa vai a passeio a um lugar acha que é uma coisa. Depois que vem pra ficar a fotografia é outra. Boa sorte nessa vida aí no mundo cão!!!

Ivna Mei disse...

Xará, como paulistana que sou me senti obrigada a comentar.
Fiz o caminho inverso, saí dessa imensidão para vir para uma cidade pequenina, bem menor que JP, nos Estados Unidos (Chickasha, OK), onde em 20 minutos se anda de uma ponta a outra (apesar de nenhum americano andar, claro).
Sinto uma falta enorme de Sampa, pelo mesmo motivo que você: na minha querida cidade, eu fazia amigos muito facilmente, praticamente diariamente. Mente? Não, não minto!
Na minha teoria, Sampinha oferece gente para todos os gostos, e lugares que satisfazem os mesmos. Ou seja, nem todos são paranóicos e acham que não têm tempo! Milhões são tão dinâmicos que não conseguem ir do trabalho para casa sem o choppinho com os amigos, todos os dias. Essa era a minha tática para fugir do trânsito, não entendo para que raios voltar as 6 se posso ficar no bar com os amigos, comendo os melhores petiscos do mundo, tomando chopp Brahma, ouvindo uma MPB ao vivo, e de quebra chegar em casa toda feliz em 15 minutinhos? Ah, que saudade...
Na minha modesta opinião de paulistana-que-nunca-te-viu-mais-magra, diria que está na hora de você se jogar por outras freguesias, porque paulistano nasce sabendo que amigo que não tem tempo para você, tem tempo para outros (as). Em uma cidade onde se conhece tanta gente, com tantos mundos novos para ir, estabelecer "prioridades" é natural.
A diferença: Em JP, para cada 30 pessoas que você conhecia, você escolhia 1 ou 2 para serem suas prioridades. Já em sampa, para cada 3 mil que cruzam seu caminho todo dia, você se relaciona ativamente (vale troca de olhar) com 300. E destes, você escolhe 1 ou 2, sendo que simpatizou com 30. Saca como a concorrência é braba?
Sim, sei que o post já é quase meu, mas termino dizendo que quando você encontrar os lugares mais seus de Sampa, encontrará as pessoas mais suas. Haja tempo para vasculhar....