quinta-feira, 19 de março de 2009

En la tierra de los malucos cubanos

Um dia estou cá, sentada em frente ao computador, olhando para este blogger e pensando:
- Qual é a do cardápio de hoje?
E como não tinha nada para me inspirar, corri para o google imagens e digitei: "Cuba+prédios antigos".




Entre as várias artes com o rosto do Che, bandeiras do país, surgiram, obviamente, lindas obras arquitetônicas antigas e comecei a pensar nas pessoas que habitam ou habitaram essas maravilhas. O calor subiu-me no corpo, só de imaginar aquele sol dourado, numa tarde de verão. Pensei nos velhinhos de grandes dentições, as camisas de botão abertas até o peito, os charutos e a música fervendo entre aquela roda de homens senis. E a alegria daquele povo tomou conta da minha curiosidade.



O vento abrandou-me o rosto suado. As ruínas sempre me pareceram mais belas que as novas estruturas de concreto puro e espelhos. Claro, modernidade é algo que se aprecia, por ser nova. Acontece até com a escolha dos parceiros. Qual jovem de 20 apreciaria um outro alguém de 95? Pessoas idosas encantam pelo conhecimento, pelas rugas minúsculas e maiores que carregam inúmeras histórias diferentes, sabedorias e guardam um certo mistério, quando se pensa: "Quantas coisas essa pessoa já viveu?" Parece-me ser esse mesmo mistério que guardam os edifícios antigos. A própria forma um tanto acabada, quase se debruçando pelo chão, aquelas pedras largas e carcomidas por Chronos, aquele mofo ou lodo escorregando dos olhos das janelas e portas, como se pedisse para a vida não se findar ali. E, a existência não se dá por vencida. Aqui e acolá se encontram ervinhas que brotam de um barro evadio, entre um tijolo e outro, da construção.


E por falar em janelas e portas, lembrei-me de recostar meu corpo nas balaustradas de um desses prédios. As palmeiras acenando. Subiu-me um calafrio pelas costas, a saia voava lentamente com o sopro da brisa. E eis que escuto uma voz dizer:

- Eran dos niños muy pequeños que se quedavan acá todas las tardes. A veces un poco más temprano. Y los niños jugaban pelota...

- ?Todas las tardes? - perguntei.

Mas, nada me foi respondido. Olhei para o piso:

Lindos azulejos em tons azuis, envelhecidos. Em vários pontos quebrados, riscados, trincados, mas podia-se observar como era o desenho. Era de um matiz ocre dourado perfeito, ornados por flores em arabescos. Nestes o traço era arredondado. Los niños y la pelota. Quantas vezes teriam rido e brincado ali? Como se foram dali? Qual teria sido o fim deles? Como se chamavam? Qual a cor da bola? Que roupas? Qual tecido era usado nas suas roupas? Andavam descalços pelas ruas ensolaradas ou a mãe os fazia usar os sapatos envernizados de domingo? Como eram seus olhos? Ainda estariam vivos como aquela construção, onde eu me achava?

Nunca saberei. Apenas criei inúmeras conjecturas para os meninos.

Cuba! Um dia retornarei...

Ivna Alba

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