terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Dizem a boca pequena...


Pela manhã cedo, ele acorda. Não sabe muito bem o que pensar da vida, mas pensa assim mesmo. Aquele café quente e amargo rasga a goela, não escova os dentes, nem teria porquê. "Higiene é uma coisa que colocaram na cabeça das pessoas para perderem tempo, é só um cafezinho". Língua amarela. Hálito puro café.
Semáforos vermelhos embebedam a rua de um trânsito truculento e infernal. "Dante precisava ver isso".
- Dizem por aí que pouco se respira, falam por aí que a minha paciência chegou nos calcanhares e não se desenvolveu. Mas, o que eu posso fazer? Esta vida é mesmo um monte de escárnio e se riem todos da desgraça dela.
Silêncio do companheiro de banco do metrô. "Mais um maluco, em plena segunda-feira".
- Pois é, todos que conheço dizem que eu sou pavio curto, mas não acredito nisso, não! Tenho o Jó dentro da minha personalidade, sabe? Até respirei e contei até dez, quando me demitiram há 6 meses atrás. E isso foi sem causa justa alguma, acredita? A vida hoje é assim... Sem causa justa e em meio a essa imundície completa.
Abandono. Agora se encontrava sozinho no banco do metrô. Próxima parada? Aquela onde desemboca o joio e o trigo. A Sé.

Ivna Alba

2 comentários:

Lorena Travassos disse...

traços de sao paulo, mau humor, trabalho, mas a gente sabe que há males que são para o bem. nem sempre. venha embora.
beijo!

insens disse...

nao se pode deixar o mau-dito humor vencer...

rsss