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Mostrando postagens de maio, 2010

Já me fiz de sua pele

Laisse-moi devenir L'ombre de ton ombre L'ombre de ta main L'ombre de ton chien Ne me quitte pas Jacques Brel - Ne me quitte pas - Alavanca tua dor, Gomide! - rugiu a velha de dentes amarelados. A porta bateu tal qual o estampido da bala que atingira seu corpo e o desfizera à beira do mundo, da sarjeta e de seus últimos instantes de lucidez. Quem era ele, naquele minuto? Fez-se a pergunta quando viu Anaclélia em curvas e desapegos, em meio ao salão de meia luz, onde o bolero reinava. Ela reinava sobre tudo e todos. Naquele momento, ele se transformou em seu atento e mais sincero amante. Padecia de ciúmes, raiva, ódio e amor. Um amor louco, que durante meses, nenhum par de calças poderia chamá-la para dançar, mas ela pisava em sua honra e dignidade, mostrando que podia mais que ele. Gomide era riquíssimo, mas humilde. Um homem que não se negava o bom coração e amabilidade, mas ao se tratar de Anaclélia, a história era outra. Em seis meses, Gomide conseguiu levar Anaclélia pa...

Persona

Quando descobriu que era livre, prendeu-se em suas amarras. Ivna Alba

Os passos

Ouvia-se pela casa, na madruga, passos e a mão sussurrando na parede, o atrito por entre digitais e formas finas. "O que dói mais - dizia a mulher franzindo a testa, para não cair em prantos - é que não os ouço agora". Saudade enternecida e ensurdecedora... Completamente voraz. Ivna Alba

A estátua de Árgona

Em frio mármore esculpido. Precisamente escalpelado e introduzido na água, cresceu Árgona. De belos seios, curvatura paradoxal e de tez prateada ao luar. Por entre os dedos, segurando os véus que lhe revestiam o púbis e parte das pernas, em todas as tardes de densa neblina, recebia flores, frutos e o sangue de animais lhe decaíam entre as mórbidas carnes. Árgona nasceu sem saber amar, apenas conhecendo o "ser amada". Em bela semana primaveril, quando os júbilos de pássaros e farfalhar de folhas se ouviam perenes, sentiu sua primeira flechada. Cravou-lhe o peito juvenil, outra raspou-lhe os olhos e mais uma sentou seu véu em mil pedaços, em pleno espaço e em meio aos prantos que não poderiam ser ouvidos, Árgona caiu prostrada por outro tremor. Ela que nunca olhara para cima, agora enternecia-se com os olhos azuis e pueris de um jovem de 25 anos. A terra a sobrepôs. Após cem anos, seu seio ainda permanece intacto. Ivna Alba

ELE ESTÁ CONCORRENDO!!!!

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