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Mostrando postagens de março, 2009

Wania

Um frio marmóreo lá fora. Silêncio no banheiro. Pela janela do cômodo se tecia o cinza e os flocos de neve. Pés ebúrneos deslizam e pousam suaves em frente à banheira. A mão delicada de Wania abre a torneira e a água quente desaba lânguida perpetrando todo o vazio. O corpo era magro, flácido, sem nenhum frescor mais da juventude, muito menos atrativos exarcebados pela natureza feminina. Wania era comum como aquele silêncio e o vazio. Sentada na borda da banheira, a carne das nádegas cedia ao peso dos ossos, deixando uma grande marca vermelha. Pernas cruzadas, os dedos dos pés encolhidos, as mãos imprensando os dedos. Ela os prendia até arroxearem, depois soltava; assim podia ficar por horas. Os braços eram finas lascas de pele e esqueleto, algumas marcas de apertões e chupões gravavam sua história por algum espaço de tempo, assim como os seios murchos cediam mais ao pretérito, que ao atrito e as clavículas expontâneas. Wania gostava de cruzar os braços na frente dos seios e apertar os ...

Achados inesperados

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Eco la meraviglia dell' internet! Rodando pela Rádio Uol, que para mim, é uma das melhores coisas desse mundo virtual, encontrei - acredito que seja um grupo - chamado: Rabo de Lagartixa. E desse Rabo achei um álbum de nome: Villa por chorões. Ou seja, quem curte um bom chorinho e o Villa está aí uma ótima pedida. Sim, claro, aqui está o link para quem deseja ouvir, ou descobrir esta oitava maravilha do mundo musical: http://b.radio.musica.uol.com.br/radio/index.php?ad=on&ref=Musica&busca=Villa+por+chor%F5es&param1=homebusca&q=Villa+por+chor%F5es&check=disco&x=17&y=8 Divirtam-se! Ivna Alba

No momento...

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A pausa para o café e cigarros regados a conversinhas para boi dormir da mamãe Joana. Abraços aos que passaram pela Alameda dos Olivais, hoje! Beijos aos que não deram outra opção, a não ser a de continuar sobrevivendo! Ciao ciao, ragazzo degli occhi beli! Ivna Alba

Porque criar no "péntxi" faz bem...

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Mesmo que seja uma bobagem bem boba! Ivna Alba

En la tierra de los malucos cubanos

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Um dia estou cá, sentada em frente ao computador, olhando para este blogger e pensando: - Qual é a do cardápio de hoje? E como não tinha nada para me inspirar, corri para o google imagens e digitei: "Cuba+prédios antigos". Entre as várias artes com o rosto do Che, bandeiras do país, surgiram, obviamente, lindas obras arquitetônicas antigas e comecei a pensar nas pessoas que habitam ou habitaram essas maravilhas. O calor subiu-me no corpo, só de imaginar aquele sol dourado, numa tarde de verão. Pensei nos velhinhos de grandes dentições, as camisas de botão abertas até o peito, os charutos e a música fervendo entre aquela roda de homens senis. E a alegria daquele povo tomou conta da minha curiosidade. O vento abrandou-me o rosto suado. As ruínas sempre me pareceram mais belas que as novas estruturas de concreto puro e espelhos. Claro, modernidade é algo que se aprecia, por ser nova. Acontece até com a escolha dos parceiros. Qual jovem de 20 apreciaria um outro alguém de 95? Pes...

Escrever um drama

Engana-se piamente quem crê ser tarefa fácil escrever um drama. Comédia sim, é mais simples, porque o senso de humor é atiçado, em grande parte, quando se expõe alguma situação ou pessoa ao cúmulo, ou se leva satírico, escárnio, ridículo ou absurdo um desses fatores. Outro ponto: a ironia não nos põe a refletir, a cogitar hipóteses, nem nos provocará um sentimento de querer corrigir o que aconteceu. O drama e o trágico sim, nos comportam essas emoções e sentimentos. Vamos muito além das lágrimas nessas categorias. É algo que induz ao homem ser humano, em toda sua completude. E, quando falo de drama, por favor, não estou citando - porque estas histórias não entram em meu conceito de categoria dramática - filminhos de cachorros lindinhos e de olhos tristes, que passam durante à tarde nas emissoras brasileiras. Falo de uma densidade que existe em Senhores e Servos e Onde Deus está, o amor está também - Tolstói. Cito também a profundidade dos personagens de Beckett em, O fim , O expulso...

O centro do mundo

Na pequena cidade de Tuiutarama vivia uma menina extremamente pequena, gorda, de cabelos castanhos e danificados pela genética. Não era feia de rosto, mas se achava hedionda. Depois de receber uma pedra no centro do crânio e levar vários insultos, para casa, por sua aparência; bem como se entupir de revistas femininas idiotas, o cérebro da criatura pipocou. No que sua cuca fundiu iniciou uma guerra incessante entre o corpo e a geladeira. No início negava a feijoada, a coca-cola, os docinhos, depois passou a negar o arroz. Logo ele, coitado, aquele acompanhante branco e com gosto indefinido. Então, justo o arroz! Depois foram as batatas, cenouras e o coentro. Ela começou a viver de 1/4 de uva. - Uva, porque é comida de rainha! Ela era a rainha? - Rainhas têm cabelos bons, sua estúpida! Gritava a peste da irmã de quarenta anos, que passava o dia inteiro na cadeira de balanço, comendo pipoca e coçando a enorme barriga, enquanto assistia Tv. O cabelo foi para o formol. - É, minha filha, ne...

Música

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A intenção desse texto não é ser grande, nem pequeno, contudo é mais um ponto de vista da senhorita Alba, que um argumento, para você, leitor, que pode ser um antimusical, terminar seus dias gostando de música. Conversando com um amigo, certa vez, ele comentou que achava fantástico ler um texto do Kafka, que agora fugiu-me o nome da memória, e aquelas palavras fluírem, cada vez, de uma forma diferente. Meu caro, isso é o que acontece comigo, ao deixar semitons e tons penetrarem em minh'alma. Bachianas Brasileiras No.3 - 3. Ária (Modinha) Largo: Esse é o nome da música que me fascina no momento. E quem disse que o Brasil só tem futebol, carnaval e mulher bunda? Ele tem muito mais que isso. Pesquise, descubra, vamos lá! Fuce aqueles vinis de papai e mamãe e descubra uma porção de melodias e harmonias que penetrarão em seu âmago e o farão se arremessar no muro dos catatônicos. A música terá esse poder arrebatador de lhe fazer saudoso, ou apático, feliz ou com a maior energia de todas...

Nem tudo é óbvio...

Em minhas andanças pelo mundo internético descobri um lugar fantástico para aportar meu barquinho, vez em quando. Vez que me sentir sufocada demais, Cansada aos trópicos, ou simplesmente livre para navegar, precisamente! Espero que gostem, como eu: http://blog.uncovering.org/ Ivna Alba

Sur le fil

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Algumas coisas acontecem. Mas, outras ocorrem vagarosamente, sobre um fio de tempo longo e preciosamente esculpido de horas intermináveis. Essas, sem sombra de dúvida, são as piores. Em geral, são aquelas que passam despercebidas aos olhos. Fora o último dos nove filhos do homem de bigode farto, que morara na casa vermelha de esquina com a avenida principal. Bairro quase tranquilo, vida meio pacata, crianças na varanda, no jardim, nas telhas quebradiças. Pé engessado. Começou a vida normalmente, estudou regularmente, sem precisar ser um aluno brilhante, recebeu carinho, amor de quase todos os lados, trabalhou em pequenos ofícios para juntar dinheiro e comprar uma caixa de ferramentas nova, para o pai. No semblante fechado, os olhos permaneceram estáticos com o presente. O bigode não tremelicou com a gargalhada costumeira, ao se satisfazer com algo estupendo. Nada! Apenas a inércia nos gestos e na face taciturna do pai. - Venha, Alceu! Seu pai vai falar com o vovô, agora. Dez anos. Os o...

Efêmero, insuportável efêmero...

Estava meu pensamento circulando por muitas zonas livres este dia, quando repentinamente surgiu-me uma súbita idéia agoniante: mais um ciclo está se fechando para mim. E, creio que não só para mim, mas para muitas outras pessoas que conheço. Pouca idade, mas uma certeza: o tempo está me tragando, me consumindo cada segundo mais e cada dia me engolindo com mais e mais voracidade. "Mais"! Esta é a palavra que se tornou muito comum. Hoje todos querem "mais": mais conforto, mais vida, mais saúde, mais dinheiro, mais comida, mais roupa, mais emprego, mais casa, mais carro, mais velocidade, mais amigos, mais família, mais amor, e no final a única coisa que se tem é "menos". E o principal: temos muito, mas muito "menos" tempo. Esta semana não passou apenas trotando, nem galopando, ela passou voando, literalmente voando a zilhões de quilômetros por hora. E nem bem amanhecia outro dia, a sexta já dava o sorriso mais terno, para quem esperava a hora de che...

Le moment Hardy

Mer mon cœur pèse des tonnes et mon corps s'abondonne si léger à la mer la mer pleure ses vagues qui ont un goût de larmes et s'en vont, éphémères, se perdre en la terre se fondre à la terre Mer magique, originelle dans son rhythme essentiel le ventre de la mer vous garde pour vous jeter dans un monde desséché qui n'est fait que de terre où je n'ai jamais su ce qu'il faut faire et la vague danse et joue puis se brise et la mer tout à coup devient grise mon amour est si lourd à porter je voudrais doucement me coucher dans la mer magique, originelle dans son rhythme essentiel je voudrais que la mer me reprenne pour renaître ailleurs que dans ma tête ailleurs que sur la terre où sans mon amour je ne peux rien faire Para os que apreciam a Françoise Hardy - Mer. Bela música: arranjo, harmonia, letra e voz. Tudo é perfeito nesta música! Ivna Alba