Postagens

Mostrando postagens de fevereiro, 2009

Modigliani

Imagem
"Quando descobrir tua alma, pintarei teus olhos!" Não é necessário falar sobre esta pintura (Retrato de Jeanne Hébuterne (1898 -1920), Common-Law Wife of Amedeo Modigliani. 1918. Oil on canvas. 92 x 60 cm. Private collection), a obra por si só já debate e dialoga com o espectador, que assiste seu fulgor e esplêndida concepção. Amedeo Modigliani, italiano e judeu. Viveu intensamente seus 36 anos, nas artes, bebidas e drogas (ópio). Para a época, traços difíceis de se compreender, de gênio rebelde e orgulhoso, não se submetia às pinturas encomendadas e se dedicou durante muito tempo há escultura, também. A sua série de nus se iniciaram por volta de 1914 e tempo depois, ao expôr em galeria, teve que ser retirada por "afetar a moral". Teve uma filha com Jeanne Hébuterne - esposa e amante - a quem pintou inúmeras telas. O filme, Modigliani , dirigido por Mick Davis - 2004 - possui bela fotografia, para quem gosta de diálogos o filme os tem, para quem gosta de uma persp...

Esquivo

Imagem
Ele tinha olhos furtivos! Lindos, porém furtivos. Nada que o calor da tarde não os fizesse mais estagnados e taciturnos. Quase um compasso de balada, suas piscadelas se tornaram. E nem bem anoitecia, corriam pelas calçadas e metálicas avenidas. Voltavam, à vida, aqueles olhos. - Não há necessidade de se manter estático. Rotativa! Rotativa! Rotativa! Rotativa! Gritava e saía em disparada, atravessando carros e multidões. Quem se atreveria a segurá-lo? Pelo braço? Nunca! Pelas mãos? Jamais! Absolutamente pelos olhos: apertadinhos, de cor negra e fugidia; impossível ver sua pupila em tão absorto ébano. - Destrua aquelas flores que te dei, Carla! - Por quê? - Por que não eram para ti! - E para quem, então? A gargalhada frouxa em meio ao rush, completamente insano e desvairado. - Dá tua mão! - Não! - Só para atravessar esse trecho da rua... Movimentada. - Vou para o outro lado. - Mas... - A primavera acabou! Seguiu o leste, entrou no primeiro bar que achou, sem olhar para trás, e a rua se f...

A menina que comprava livros...

Imagem
I PARTE Aos dois anos, ao ir com o pai à livraria, balbuciou: - Ubiladeilo abalelo! O pai, surpreso com aquele novo dialeto, olhou para um livro, para onde ela apontara. - Ah! Lindo, não filha?!? - Ubiladeilo abalelo! Uma capa azul, com um quadrado branco ao centro, e um desenho terrível de um brigadeiro amarelo, contariam a fantástica saga de um brigadeiro, que junto a beijinhos e tortilhas, tocariam o terror, em uma festa infantil. Tudo porque não queriam ser digeridos e jogados dentro do sanitário, que logo desembocaria no oceano mais perto. O pai, puxou a filha, carinhosamente, para a prateleira de Goya, Caravaggio, Rembrandt, Manet, Turner, Modigliani, Gauguin e sacou da mais alta um volume grosso de Portinari. Sentou-se à pequena mesa e começou a folhear a obra. Sorrateiramente sua filha se desprende daquelas pinturas e corre à seção infantil e volta, falando em um tom sério: - Ubiladeilo abalelo! Ubiladeilo abalelo! Ubiladeilo abalelo! Ubiladeilo abalelo! Neste exato momento, o ...

Dueto de separação

Ela parou e não lhe disse palavras. Abriu a porta do quarto como se o aguardasse falar “Espera”, mas não houve nenhum sussurro proferido pela voz dele. Apenas um vazio seguindo-a, enquanto andava com a mala pronta e o vinco de preocupação na testa. Era posta uma chama que ela acreditava nunca ser extinta. Ouvia os passos dele lentos a seguir os seus e o silêncio que se interpusera naquele pequeno espaço físico. Ivna Alba