Existia um encantamento naqueles olhos grandes redondos e castanhos. Duas contas imensas de pureza sondavam os pés da mãe, do pai, dos tios e tias, enervavam as rugas ordenadas dos tornozelos dos avós e com suas mãozinhas repetia os movimentos de pulinhos com a boneca de pano. Na turbulência da reunião familiar, ninguém parou para falar com a criança que olhava para tudo e já sentia plantada em sua realidade as perguntas: - Quem sou? De onde venho? Para onde vou? Carlotinha, ou melhor, Titinha não entendia o homem, e dali a pouco não entenderia o mundo. - Uma mescla de bagunça dos diabos! Gritava e socava as poucas mudas de roupas dentro da mala. "Aos malditos que moram nesta casa de misérias, uma vida de muitas calúnias". Batera o portão da quarta pensão, onde se enfiara aos dezesseis anos, e já estava amarga demais para chorar por falsos e medíocres. - Aos diabos, corja dos infernos! Ivna Alba