Um homem sem nome II
Um homem sem nome acorda em meio à madruga muda. Ele não precisa ter nome para seguir o modelo das máquinas. São quatro da manhã. Não lembra do que sonhou. Sensação terrível esta! Uma sensação de que uma parte íntima e secreta fora amputada. Lembra apenas que fumava no sonho. Olha o maço na beirada do criado-mudo - um companheiro inseparável há cinco anos, desde que decidiu cortar a relação. Convenções da sociedade, normas para uma vida saudável e a certeza de ter o mesmo código de barras. Você não é mais um produto danificado e pode passar no Humanometro. Talvez, aquele alcatrão lhe fizesse menos mal que a fumaça dos carros, na Consolação às oito da manhã. Sufocado, pensa em tudo e não conclui nada. Pensa em fumar, treme, sua, geme e toma água - outro paliativo para suportar a ansiedade. Debruça-se na janela - um vento pelo amor - mas, nada... E se chegar atrasado? E se o despertador não tocar? E se o pagamento não cair? E se não conseguir voltar a dormir? E se não render no ...