Depois da famosa frase nietzschiana: "Deus está morto!", descobri hoje outra:
- Mataram Jesus! - choramingava um bêbado, enquanto repetia para um transeunte, em pleno turbilhão da Barão de Itapetininga.
Não pude conter um pequeno sorriso, devido à cena estrambólica: pessoas se atropelando, outras gritando e falando ao celular, os carros e ônibus voando, prostitutas, mendigos adormecidos nas calçadas (um segurando os genitais durante o sono profundo), compradores de ouro, vendedores ambulantes, policiais, cachorros abandonados, crianças chorando e um pedinte bêbado, um pobre diabo, aos olhos da sociedade, chorando e constatando algo que já aconteceu há milênios:
- Mataram Jesus!
O que ele pensava sobre isso? Nos olhos dele, em suas lágrimas, me ocorreu o pronto fato, de que a esperança daquela criatura estava por terra, jogada à vala do submundo. Se para nós ele já se encontra nessa conjuntura, naquele instante, o mendigo tinha certeza!
E há de se saber em que subterrâneo subterfúgio nos escondemos. Nós, de estirpe e classes privilegiadas; nossa individualidades e intimidades... Em que poço e vala estamos jogados?
A cada dia e hora que passa, eu tenho a plena convicção de que estamos perdidos, sozinhos e jogados.
Basta olhar para a juventude que vem atrás da nossa geração.
Ivna Alba