Abertura - "Calem o silêncio das paredes!"
Eu escutei você falando: - Só palavras, só palavras, só palavras... Num ritmo e cadência constantes, promovendo um arrebatamento inconstante, de uniformidades lacônicas, em meu peito e meu ventre. A carne palpita! A carne maldita! Tua carne maldita, Abrãao! A carne se quebra, se mela, se esvai, se entrega, congela, espera, se parte, se rasga, na entremela do dente, respiração arfante, possante, sentido de entrega. E nesse emaranhado se revela a alma da megera respulsiva que carrego nas entrenhas. Maldita e lânguida, parca e renegada carne tua, Abrãao! Abraça-me e expurga-me de tua vida e de tua lábia, Abrãao! E, enquanto me exorcisas, deixa-me ouvir tua voz falando, lentamente: - Só palavras, só palavras, só palavras... Ivna Alba