Reclamo todo santo dia das idéias que me estão engasgadas, amordaçadas e entaladas na garganta como um bolo alimentar mal digerido e empancado no mesmo lugar. E no caminho de ida e volta do trabalho eu me cobro: - Chegar em casa vou escrever, vou terminar o romance, vou concluir a peça, vou finalizar aquele haicai! Ou seja, vou vomitar você, maldita idéia errônea, que vaga em meus pensamentos e me deixa impaciente com seu atraso, retardo, mal gasto tempo incômodo! E ela ri de mim. Caçoa várias vezes e continua lá: intacta, intocável, imóvel e irônica. Ódio! Como fazer para destruir essa barreira imprestável da inexatidão das idéias que destoam na cabeça do escritor que nada mais quer da vida, a não ser pôr no papel suas vãs palavras desdobradas pelos sentimentos? A resposta, ninguém sabe, ou ao menos, nunca disseram. Peço, imploro, revolvo meu âmago em busca de ti, concreta idéia insana, que me apareças, mesmo que na surdina da madrugada e me visites. Assim, quem sabe, descanso minha c...