quarta-feira, 31 de março de 2010

Jesus morreu!

Depois da famosa frase nietzschiana: "Deus está morto!", descobri hoje outra:
- Mataram Jesus! - choramingava um bêbado, enquanto repetia para um transeunte, em pleno turbilhão da Barão de Itapetininga.
Não pude conter um pequeno sorriso, devido à cena estrambólica: pessoas se atropelando, outras gritando e falando ao celular, os carros e ônibus voando, prostitutas, mendigos adormecidos nas calçadas (um segurando os genitais durante o sono profundo), compradores de ouro, vendedores ambulantes, policiais, cachorros abandonados, crianças chorando e um pedinte bêbado, um pobre diabo, aos olhos da sociedade, chorando e constatando algo que já aconteceu há milênios:
- Mataram Jesus!
O que ele pensava sobre isso? Nos olhos dele, em suas lágrimas, me ocorreu o pronto fato, de que a esperança daquela criatura estava por terra, jogada à vala do submundo. Se para nós ele já se encontra nessa conjuntura, naquele instante, o mendigo tinha certeza!
E há de se saber em que subterrâneo subterfúgio nos escondemos. Nós, de estirpe e classes privilegiadas; nossa individualidades e intimidades... Em que poço e vala estamos jogados?
A cada dia e hora que passa, eu tenho a plena convicção de que estamos perdidos, sozinhos e jogados.
Basta olhar para a juventude que vem atrás da nossa geração.

Ivna Alba

segunda-feira, 8 de março de 2010

Tudo tem um quê de querer mais

Dessa vez, procurarei não escrever ficção, muito embora eu prefira postar as imaginações, às minhas realidades.
Neste dia 08 de março só tive uma bagagem a mais de lágrimas, tristeza e raiva. Não quero guardar isso, mas não sei onde colocar. É frequente lermos em qualquer lugar, sobre o homem urbano estressado, como também é facílimo acharmos dicas de meditação, repouso mental ou os dez mandamentos para evitar o estresse. Talvez, esteja confundindo estresse com sentimentos, mas acredito que um gera o outro, inevitavelmente.
Sim! Se se sente raiva, é porque algo o contrariou, alguma coisa que esperava com muita alegria e você não pôde colher os louros da felicidade, gerando frustração, raiva, estresse e a velha frase: - E agora, José?
Sinceramente, eu não espero que nada seja de graça, porque nunca nada o foi, para mim. Mas, nos últimos tempos a minha carreira de Rei Silas vai de vento em popa. E penso em apelar, seriamente, para aquele banho de sal grosso, com muita arruda, brincos de pé de coelho, colar de figa, ferradurazinhas, trevos 8 folhas (porque de quatro, já ficou ultrapassado), enfim a mensagem foi transmitida.
Ando com um nó na garganta para tudo e qualquer coisa. As vezes, tento falar, entretanto as palavras não saem, as ideias não concatenam e o verbo fica preso. Tento chorar, porém não consigo e tudo trava.
Nesses momentos, eu lembro dos olhos do meu pai, ao se despedir de mim, em Curitiba. Hoje, eu entendo o que aqueles olhos azuis, por trás de lentes grossas tentaram me dizer, me falar, gritar, eclodir no espaço do eco, que o silêncio de nossos sentimentos produziam. Eu tive uma viagem de volta péssima, não preciso comentar. A viagem demorou mais que o esperado, a minha alma ficou lá no Paraná e meu corpo vinha para São Paulo. Hoje, me pergunto: - A troco de que?
Se saudade matasse, todos nós já estaríamos no além. Alguns outros, no limbo.
Pode ser desilusão, saudade, tristeza, infelicidade, frustração, muita coisa reunida num mesmo caldeirão, das bruxas que andam por aí.
Eu lembro daqueles olhos azuis e sei bem o que eles quiseram me dizer... Ou, meu pai! Tudo o que queria hoje, era um abraço seu.
O seu abraço de pai!

Ivna Alba