sábado, 29 de agosto de 2009

Homem, Humano, Humanidade

Ao que se interessa, pois
Finda que essa chama já se põe
Emplaca, não obstante
A forma, com a qual se consagra
Desabando em clausura constante
em meio ao grito e a fome,
ao mundo e a desordem.
Circuncidando o pandemônio, a paz.
Aquém do senil, a juventude.
Enlameando os sorrisos em lágrima atroz,
Distanciando as mãos e as bocas
Ressurgindo das cinzas do vento
Carregando em si
Toda sorte de ambiguidades.
Eis o congênito acre de tuas distâncias!

Ivna Alba

Sobre a tese de mestrado

Enfim, achei o rumo para o meu mestrado: o título!
É, porque diferentemente de textos normais, como: prosa, poesia, tese de mestrado é anormal e eu preciso do título para desenvolver a idéia. Com a quantidade básica de café para a noite de hoje, juntamente com o maço de marlboro red espero desenvolver o anteprojeto dele.
De novo, o mal entra nos meus trabalhos e eu só penso:
- Ivna, por que você só inventa coisa para esquentar a cabeça?
E meu outro eu, o eu louco, responde:
- Por que é bom esquentar a cabeça e viver coisas difíceis.
Aliás, bom mesmo é pegar algo dilacerante e tentar torcê-lo por inteiro; depois que se termina o serviço, olha-se para o monstro e diz: "Eu venci, ganhei, derrotei você"!
Acho que isso vem do meu instinto de não saber perder, de sempre desafiar o meu eu acomodado e incentivar, cada vez mais, meu eu louco.
Como as duas faces da mesma moeda, eu vivo no cara e coroa, torcendo para que o coroa sempre caia com a cara para cima... Exatamente isso!
Tudo nos seus conformes agora? Sim! Contagem regressiva...
Então lá vai, vamos brincar com: O diabo na rua, no meio do redemoinho e Constança, meu bem, Constança. Constante, sempre serei. Constante até a morte. Constante eu morrerei!

Ivna Alba

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Sambinha Antigo

Pensei que minha cama era macia
Que os lençóis brancos
Afogassem suas mágoas.
Pensei que meu teto fosse suficiente
Para esta culpa displicente
Que já não quero mais afogar.
Achei que meu lar não era vazio,
Que sua presença brilhava
Cada dia mais com a luz do sol.
Sonhei que nos seus beijos tão vagos
De quem vem e passa rápido
Ainda sim, guardavam amor,
Beleza, ternura e carinho.
Mas, hoje, tudo é diferente.
Passei a ser descrente,
Jogando fora seu frouxo amor
E, no samba encontro
Apenas, o amor que você
Nunca me entregou.

Ivna Alba

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Amanitta

Amanitta tinha um sonho: de crescer, ser bem sucedida, inteligente, rica, ter um lindo marido, um casal de filhos mimosos - daqueles que todas as tias suadas e cheias de pó de arroz beliscam as bochechas - um cachorro chamado Pimpão e uma linda casa com um jardim cheio de roseiras vermelhas.
Diferentemente do que ela desejava, cresceu, não conseguiu terminar nem o ensino médio - sua inteligência se comparava a de um pombo tonto - ganhava 10 reais por programa, o troca-troca de "maridos" era perene, soube que era estéril, numa consulta gratuita do programa hospitalar do São Camilo e o único bicho de estimação que ela tinha era uma catita que toda tarde lhe azucrinava as poucas imaginações, depois de uma manhã pouco dormida.
Depois de muito desejar, Amanitta caiu em si e despertou em um dia às 15:15, decidida a não mais seguir aquela vida de ânsias, que já se quedavam revogáveis.
Então, ela decidiu esperar... Sentada!
Pegou a cadeira menos desconfortável, apoiou-se bem ereta e ficou lá... Os dias se passaram, as noites também, e Amanitta sentada... A fome lhe invadiu, o sono irrompeu-lhe as pálpebras, os cabelos ficaram grisalhos e a mulher jovem se tornou uma velha, em pouco tempo.
Chegando ao fim de sua eterna desesperança, Amanitta remoía um passado fugaz de desejos frustrados e o corpo marcado de cicatrizes de um futuro que poderia ser, mas não fora.

Ivna Alba

terça-feira, 25 de agosto de 2009

E onde as idéias estão que não chegam?

Reclamo todo santo dia das idéias que me estão engasgadas, amordaçadas e entaladas na garganta como um bolo alimentar mal digerido e empancado no mesmo lugar.
E no caminho de ida e volta do trabalho eu me cobro:
- Chegar em casa vou escrever, vou terminar o romance, vou concluir a peça, vou finalizar aquele haicai!
Ou seja, vou vomitar você, maldita idéia errônea, que vaga em meus pensamentos e me deixa impaciente com seu atraso, retardo, mal gasto tempo incômodo!
E ela ri de mim. Caçoa várias vezes e continua lá: intacta, intocável, imóvel e irônica.
Ódio! Como fazer para destruir essa barreira imprestável da inexatidão das idéias que destoam na cabeça do escritor que nada mais quer da vida, a não ser pôr no papel suas vãs palavras desdobradas pelos sentimentos?
A resposta, ninguém sabe, ou ao menos, nunca disseram.
Peço, imploro, revolvo meu âmago em busca de ti, concreta idéia insana, que me apareças, mesmo que na surdina da madrugada e me visites.
Assim, quem sabe, descanso minha cabeça tranquila no travesseiro.

Ivna Alba

domingo, 23 de agosto de 2009

Ivna: não é um nome difícil!

Realmente, não é difícil!
Se vocês pensarem são apenas 4 letras, ainda possui a eficiência de ter o V mudo, ou seja, não é necessário pôr mais uma letrinha depois da pobre consoante, mas eu não sei por que as pessoas daqui tem tanta dificuldade em pronunciar ou escrever meu nome.
Posso citar aqui inúmeras formas que andam me chamando ou escrevendo meu substantivo próprio:
Ivína, Iona, Ivana, Ivina, Ývina, Ivyna... E por aí vai a lista medonha, cheia de aberrações e nomes medonhos.
O pior, foi Iona! Indubitavelmente!
Atendo o interfone do trabalho e o rapaz da transportadora fala de forma simpática:
- Entrega para a senhora IONA!
Soou dolorido em meus tímpanos: I-O-N-A!
Dois erros consistem nesta frase: Eu sou senhorita, não senhora! As pessoas esquecem que temos um pronome de tratamento para as pessoas que não senhoras. Outra coisa que entrou em desuso no nosso dia-a-dia! Triste desuso, diga-se de passagem!
O outro erro, nem preciso comentar. O fato é: na embalagem da correspondência havia um V muito digno e bonito, então por que cargas d'água ele meteu um O onde não havia?
Que os mais respeitáveis me perdoem, mas O só mesmo o que ele senta.
Chegou ao ponto de que quando fui fazer minha assinatura da TVA, a moça que fez o cadastro pôs meu nome de TINA. Isso mesmo, TINA! Depois disso, todo mundo que me ligava da TVA me chamava de TINA.
Bem, Tina e Ivna é como você e a Globo, caro leitor: Tudo a ver, não é mesmo?!?!
Então, aprendam, pessoas daqui: escreve-se IVNA e lê-se (ÍVINA).
Complicado? Não, complicado é não entender como 4 letras podem ser tão difíceis para ouvintes e letrados.

Ivna Alba

Comédias da vida (privada)?

Hoje está completando 1 mês e 18 dias que estou vivendo em Sampa!
Nesse pouco tempo de sobrevivência aqui pude perceber que em uma das cidades onde tem mais gente por metro quadrado do Brasil, mora a solidão.
A exigência de se ter amigos por aqui é tanto quanto ou igual a de se sobreviver: dificuldade grau 9, e olhe que sou comunicativa, caso contrário não teria feito comunicação social; escolheria biblioteconomia ou qualquer outro curso voltado para algo que não precisasse se comunicar.
Deixei cerca de trezentos amigos em Tubi City - nome "carinhoso" para JP - minha cidade natal, aqui conheci muitas pessoas já, mas surgem os problemas: tempo!
Fora o costume de se fechar no casulo - principalmente em dias de chuva - alguns paulistanos demoram a vida para ter tempo para sair, conversar ou até visitar as pessoas. O que não ajuda muito, também, é a imensidão da cidade. Trinta minutos de caminhada aqui é perto, em Tubi City era a eternidade.
As pessoas me ligam sim, mas combinar para sair são outros quinhentos totalmente diversos e inúmeros: trampo, trampo, trampo, trampo, chuva, trampo, trampo, ou é tarde!
Por que complicar o que pode ser tão mais simples.
Outra ironia: São Paulo é a cidade que não dorme! Conversa para boi dormir e roncar muito! Metrô e ônibus param à 00:00! Como pode se observar: é uma sobrevivência real, não virtual.
Virtual é a visão de um relacionamento afetivo - ponho novamente a amizade nesse ponto - que também não parece vingar com facilidade por aqui.
Ficar é fácil, difícil é arrumar um relacionamento fixo, estabelecido em bases concretas, como os milhares de edifícios daqui, conseguir uma pessoa que supra as características psicológicas e físicas (o que não faço tanta questão) por essas bandas.
Tudo é uma questão de sobrevivência e se torna uma "divina" comédia da minha vida privada. Agora, nem tão mais privada, porque algumas pessoas que visitam isso aqui já devem ou podem ter lido... Enfim! Isso é praticamente o fim mesmo do texto.
Acho que não estou sendo exigente demais. Querer desenrolar o seu ciclo social, somado a um namoro, não é tanta exigência assim...
O que não posso e não quero - até porque faz mal para a minha natureza extrovertida e expansiva - é ficar parada na cidade que "não para"!
Isso sim, é privação demais, na minha vida privada!

Ivna Alba

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Entre um cigarro e um gole frio de café...

Hoje recebi um email de minha amiga-divisora-casa, sobre uma manifestação anti-corrupção, para expulsar Sarney da nossa famosa e ardente cúpula do politicagem.
No respectivo citavam os caras-pintada... Enfim, depois dessa citação, só mesmo as reticências. O que fizeram essas criaturas? Foram eles que puseram o engomadinho Collor para fora da República? Seria muita, mas muita inocência pensarmos assim. Desde que o mundo ainda era a Pangéia, que o Brasil era Brasil, que tenho conhecimento da História do nosso país-continente, que sei de uma coisa: quem move quem está no poder é quem, também, nele está.
Não se iludam durante os anos em que não há eleições! Nem muito menos, durante as mesmas. Tudo continua como era dantes no quartel de Abrantes e assim será!
Porque, ao invés de fazer esse manifesto em negro, não se grita e param a Paulista, ou que avenida principal seja, para termos melhores condições educacionais, sociais, de saúde e melhorias de emprego, melhor repartição do dinheiro público, que doamos - ano após ano - no IR? Agora vamos nos rebelar com algo que nós mesmos criamos, demos respaldo?
O que é isso? Piada de mau-gosto da Praça é Nossa?
É, porque agora, só falta aparecer a mulher-não-sei-que-fruta-ou-legume-agora, para se candidatar ou desfilar na ilusória manifestação contra o Sarney.
Como eles temos muitos no Planalto Central, naquele esgoto que é Brasília! O Juscelino se tremelica na tumba e eu me remexo de ódio quando leio essas palhaçadas rebeldes e intolerantes contra esses marginais de gravata.
Que desejo IMENSA, INCOMENSURÁVEL e DESMEDIDAMENTE a saída deste velho corrupto, sedentária pulga que rouba nosso país há anos, isso vocês podem ter certeza: EU DESEJO! Mas, não posso deixar de explicitar toda a minha revolta diante estes protestos retardatários e inúteis, que nada farão.
Acredito que força popular mesmo, mesmo só houve, nesse país, na Ditadura. No restante da História Brasileira os revoltados eram mortos, ou fugiam, ou ficavam sozinhos gritando ao relento... E depois morriam ou eram presos.
Caras-pintada? O buraco, naquele época, como hoje e sempre, é muito mais embaixo...
Parem de se iludir hoje, deixem para se inebriar com inflamação no Carnaval, vendo a Vai-Vai passar ou a Mangueira...
Façam o que tem que fazer na urna e não depois. Ou implodamos Brasília e todos os antros de politicagem explícita e repugnante desse país.
Na minha opinião, político deveria ser como o programa: Amigos da Escola! Fazer, sem receber. Por que não? Trabalharia pelo país quem realmente quisesse.
Eu me revolto com tolices, babaquices, faixinhas e gritaria na época errada!
Ô povinho mais imbecil, subordinado e cego!
Para você que acredita que o Sarney vai sair do poder por conta dessa revolta, faça o seguinte: nas próximas eleições pegue seu dedão, mele na tinta e pinte a cara, depois saia gritando e atordoando cada indivíduo que passar na rua.
Sabe como é o nome disso??? Pois eu lhe direi agora: É DEMÊNCIA!
Desculpe-me pelas palavras um tanto sinceras, curtas e grossas, mas é minha opinião, tenho o direito a isso e antes que se crie uma LEI-ANTI-VERDADE-SINCERIDADE-LIBERDADE-EXPRESSÃO, como criaram a lei anti-fumo, para bares, restaurantes e locais públicos (em ambiente aberto, em SP), eu falo logo.
Ressalto que as manifestações, protestos e toda essa coisa é positiva, quando feitos na época certa! Não adianta chorar pelo leite derramado, Inês é morta e Ana Bolena também!
O cigarro já se foi, o último gole de café idem e fico por aqui.
Quem gostou, obrigada! Quem não, problema seu, esse blogger é meu, lê quem quer, os incomodados que se retirem e não estou coagindo você para seguir até o fim destas linhas, portanto, a porta que quer sair é a mesma que entrou.
Aqui impera a lei: LIBERDADE! Não gostou? Existe um link aí embaixo que diz: COMENTÁRIOS! Viu? Beleza!
Até mais!

Ivna Alba

Acima das nuvens cinzas

- Ah, já entendi...
- O que?
- Dá aqui o dedo.
O homem pegou o polegar de Nonô e emplacou-o na almofada negra, cheia de tinta escura, enfiando-o depois no papel.
- Pronto! Agora é só esperar que a justiça lhe seja feita.
Nonô ficara na cela imunda, cheia de escatologias submersas e subliminares, intrínsecas àquele mundo que ele chamava de Babilônia Perdida. O polegar borrado com a tinta negra, formando o desenho de sua identidade, onde ele não sabia se jaz sua personalidade, ou seus descaminhos.
Como saber do que não se tem idéia? Ao lado, Abreu lhe perturbava com a gaita, na frente Jurubeba sussurrava e choramingava o leite derramado, o cubículo lhe apetecia o estômago por vezes sacudido pela fome e, depois, vinha-lhe a desinteria escorrer-lhe pelas entranhas.
- Homem, para com essa porcaria.
O velho parava e colocava a gaita no chão, olhando-a como se desejasse os seios fartos de uma mulher jovem.
Há muitos anos, Nonô pensava se não seria melhor ter voltado para a cidade em que nascera, mas de que adiantaria estar lá, se nada de melhor acontecia. Mas, e ali, Nonô? O que ocorreria de bom naquele lugar, que não empregos miseráveis e a falsa verdade de que o céu estava perto?
As migalhas de esperanças que pouco lhe restavam o vento zarpara com as mesmas, deixando-o imerso naquele vislumbre sorumbático de mazelas e disparates. Nem bem amanhecia o dia, ele corria para o buraco feito na parede chapiscada, a qual chamava de janela, e caía no desvaneio de pensar que tudo aquilo era uma espécie de sonho maldito, que aquela realidade logo se dissiparia e ele, Nonô, homem de meia idade, crioulo nascido em Barbacena, encontraria seu paraíso repleto de harmonias e cachaça da boa.
E Nonô se ria por inteiro, gargalhava solto, coçando a barriga imensa, onde guardava meio litro de desilusão e vinte quilos de solidão.

Ivna Alba

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Este blogger não parou... Eu juro!!!

Gente,

Se alguém lia ou lê este blogger, saiba que ele não parou!
Mas, muitas coisas aconteceram desde a última postagem, o que me fez estagnar um pouco a imaginação e a criatividade.
Resumindo os passos derradeiros: minha amiga Lorena Xuxu saiu do emprego em que estava em SP, indo para uma editora e me passou para a vaga dela. Resultado, vim parar em SP (aquela cidade que dizem não dormir nunca!) Pura balela!
Os ônibus param meia-noite e o metrô também, então você só tem uma opção: táxi! Que se torna inviável para uma habitante que não ganha muito, como eu.
Mas, eu AMO essa cidade, impossível não amá-la.
Então o conto que vem a seguir, se chama: Acima das nuvens cinzas.
Até a próxima postagem!

Beijos e Abraços paulistanos, sem gripe suína!

Ivna Alba