terça-feira, 14 de abril de 2009

Sangrar é respirar

Essa mesma massa, submersa nas suas vidinhas simples, e que se basta, resguarda um âmago que se move freneticamente, diverso de cada um...
Igual, porém, ainda sim diverso...

Ivna Alba

sábado, 11 de abril de 2009

La donna della fontana

È stanca...
La donna della fontana.
Ma è bella come la notte in tuoi bracci.
Potrai amare questa donna.
Ma tuttavia lei potrà sperare checchessia di te...
Forse possiamo desiderare le labbra di questo vento
Che, allora, ricambierà su' anima...
Giuochi con me, donna!
Rida con il ragazzo che ama te!
Viva, bella!
Non hai perche avere con sé
tanto brivido in tuoi occhi...

Ivna Alba

domingo, 5 de abril de 2009

O Triunfo da morte


A humanidade lançada às redes do destino inexorável. O temor que se apodera dos homens desde que foi implantada a consciência cristã, no mundo. A sensação de culpa, pecado, vergonha, piedade, misericórdia e clemência.
É disso que em uma breve leitura se faz, imediatamente, do quadro de Pieter Bruegel, O triunfo da morte.
Don DeLillo, em 1936, já faria seus comentários sobre a obra, datada de 1562, e que se encontra em Madrid, no Museo del Prado.
A tela, muitos antes de ser uma esplendorosa arte, amparada pelo Feio e Grotesco, denota uma espécie de Dança Macabra entre a vida e o confronto final com o derradeiro suspiro. É a luta, a batalha que cada um deve travar por todos os segundos em que sente seu inspirar e expirar.
Da forma como se observa, pode se destacar o temor e o terror das massas pecadoras, diante a iminência do transpasse, que certamente não era bem acolhido na época. Talvez ele nunca o seja.
É remetida constantemente a idéia de destruição, em todas as partes, inclusive no canibalismo do cão esquelético trucidando calmamente um recém-nascido, ainda nos braços da mãe que já sucumbiu à ceifadora. Se ele está com vida, ou não, quiçá não seja de grande importância, mas sim o fato que neste detalhe pode-se achar o início e o fim da idéia de Bruegel, ao denotar nesta cena o encontro de símbolos que evidenciam uma presença do futuro e o outro como prisma fundamental do quadro: o triunfo, a vitória da morte. O carnívoro como o triturador do futuro. A máquina que usurpa a esperança. Enquanto o destino e pretérito se encontram, os personagens que ainda possuem algum sopro de existência batalham pelo desejo que ainda lhes resta de viver, em meio ao cenário perturbador e desolador que penetra no âmago do contemplador. O firmamento incendiado, as cruzes que esmagam os combalidos e semi-vivos, os esqueletos que imperam perante uma terra áspera e seca.
É um cenário dantesco, muito embora não remeta ao inferno, nem purgatório, mas sim ao pensamento inicial e hediondo que o cristianismo conseguiu alastrar.
Os pecados mortais e capitais! Todos eles pisoteados e corroídos por esqueletos vivos. Alguns poderiam dizer que este tipo de arte não seria legítima por se utilizar do Feio e, assim mascará-lo com a Beleza e a grandiosidade da arte, produzindo a inverossimilhança, mas é nesta que reside o esplendor da arte. É emergir com outras categorias estéticas a valia maior do artista e pôr no que vê a crítica do que seria soberbo, para ele.
Outro ponto é inegável na obra, no tocante à natureza, que inegavelmente se mostra avassaladora, para com os homens. Toda ela se apresenta voltada ao fim.
E concomitante ao que o cristianismo tenta fazer com os homens, levando-os a temer a morte, Bruegel nos põe algumas dúvidas: se há lutadores é por que o fim não é iminente? Se existe uma lança transpassando o nosso terminal inevitável, é por que este não necessariamente é implacável?
O triunfo da morte, muito antes de ser uma marca impregnada de culpas, pecados, pessimismos cristãos, eternidade, é sim um início de que o final é e deve ser escrito por cada um da forma que deseja, seja na luta pela vida e pela esperança, seja na consciência de que o valor de uma vida não deve sucumbir por completo aos sentimentos cristãos de pessimismo, e a idéia de que a eternidade compensa o sofrimento e a angústia que a humanidade sente, mas sim de que é na vontade e no instinto humano que a vida e a história se sobrepõem, vencem e triunfam.
Se a morte é a nossa última estação, que a alcancemos, mas da maneira mais consciente e humana possível.
Nietzsche estava correto ao dizer: “A vida foi isso? direi à morte: Então mais uma vez!”.

Ivna Alba

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Apertem os laços

Esse momento chegou!
É inevitável que ele chegue para todos os seres humanos.
O que vai diferenciar é o modo como cada um encarará esse aperto, fechamento ou final de ciclos. Lembrando da música, Aos nossos filhos, onde Elis Regina canta com uma das maiores emoções, já vistas na música brasileira: "Quando colherem os frutos, digam o gosto pra mim."
O que já está no final, que não se pode tornar um início? O que seria esse eterno prosseguir e retroceder?
Para aonde se deve caminhar? Se se não sabe onde chegar, como se pode achar o lugar certo em que se pode jogar as malas e dizer: "Esse aqui é o meu lugar!"
Essa busca incessante é extremamente cansativa, mas ainda mais exausta é a procura e o encontro. Há coisas que somente o homem consegue achar sentido.
A vida deve sim, ser muito mais do que as convenções que nos ensinam quando pequenos. Só não encontraram ainda o seu sentido maior, e talvez por isso os progenitores enrolem e desenrolem os novelos das histórias do que-se-deve-ser e do que-se-deve-querer-ter.
Mera peça embolorada pelos anos de simulacros.
Os dias são assim?
Eles eram assim?

Ivna Alba